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domingo, 26 de janeiro de 2014

Age of Mythology


  Age of Mythology é um jogo de computador de estratégia em tempo real lançado em 2002. Produzido pela Ensemble Studios, o jogo é uma variação da série Age of Empires, com mais foco em mitologia que com fidelidade histórica.
    O sucesso do jogo foi tamanho que acabou ganhando uma expansão, Age of Mythology: The Titans, lançada em 2004 adicionando novos deuses e continuando a história da campanha.
    Considerado por muitos o melhor jogo de estratégia, Age of Mythology é baseado em construção de cidades, coleta de recursos, pesquisa de tecnologia e criação de exércitos para eliminar civilizações adversárias. O jogador evolui por quatro idades, cada uma com mais construções, unidades e tecnologias, iniciando na Idade Arcaica, seguindo pelas Idades Clássica, Heroica e Mítica ao construir certas edificações. Há modos de campanha, cenário aleatório e multiplayer para até oito jogadores..
SCREENSHOTS


    Escolhendo entre três civilizações, gregos, noruegueses e egípcios, o jogador deve desenvolver sua sociedade seguindo os preceitos do seu deus. Para tanto, além dos encargos normais de um regente, o jogador deverá também proteger o seu povo das investidas de seres malignos.
    Age of Mythology herda diversos elementos tradicionais de Age of Empires, como opções econômicas, sistemas de batalha e possibilidades estratégicas. AOM também traz gráficos 3D inovadores que garantem gráficos e efeitos atmosféricos muito mais detalhados..
 

AGE OF MYTHOLOGY - REQUISITOS MINIMOS
 
Os requisitos mínimos do sistema para o Age of Mythology são:
• Um dos seguintes sistemas operacionais:
• Microsoft Windows 98
• Microsoft Windows Millennium Edition (Me)
• Microsoft Windows 2000
• Microsoft Windows XP

Observação. não é suportado pelos sistemas Microsoft Windows 95 e Microsoft Windows NT.
• 128 megabytes (MB) de memória RAM.
• Aproximadamente 1,5 gigabytes (GB) de espaço disponível no disco rígido.
• É necessária uma placa de vídeo 3D de 16 MB; a placa de vídeo de 32 MB é recomendada.
• Placa de som compatível com o DirectX 8.0 com alto-falantes ou fones de ouvido.
• Computador multimídia com um processador Pentium 450 megahertz (MHz) ou mais.
• CD-ROM 4x.
• Microsoft Mouse ou outro dispositivo apontador compatível.
O seguinte hardware é opcional:
• Um modem de 56 kilobits por segundo (kbps) para jogos com vários participantes (de um a quatro jogadores).
• Rede de banda larga ou rede local (LAN) para jogos com vários participantes (cinco ou mais jogadores).

"Por meio dos recursos 3D de última geração, nossos desenvolvedores puderam criar um jogo ainda mais completo que o Age of Empires", explica Bruce Shelley, co-fundador e designer sênior da Ensemble Studios. "Pudemos desenvolver efeitos visuais incríveis".  

Fonte:http://www.agemania.com.br/?pag=age-of-mythology

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Thor

Etimologia:

   O nome Thor ou Þórr em nórdico antigo, assim como Donar, Dunnar, Þunraz, Þunor, Taranis, Tuireann, etc., possuem a mesma origem etimológica, que significa "trovão". A própria palavra thunder é uma variação de "thunor". Tal fato é interessante, pois reforça e a reafirma o fato de Thor ser o deus do trovão, raios, relâmpagos e tempestades. 


A aparência do deus: 


    O Thor dos mitos e o deus que era cultuado antigamente, não era louro e de barba feita, como ficou marcante sua representação pela Marvel Comics. Embora alguns desenhistas já retratem o deus nórdico do trovão com barba, mesmo assim, sua aparência e roupas não se assemelham ao que seria na época de seu culto, principalmente na Idade Média. O verdadeiro Thor era ruivo e barbudo. 

Desenho retratando Thor como ruivo e barbudo, assim como era descrita sua aparência nos mitos e poemas. 
  Alguns poemas falam que Thor conseguia provocar vendavais e tempestades sem precisar usar o seu martelo, ele apenas balançaria ou sopraria sua barba vermelha. Para Davidson [2004] a ideia da barba ruiva, estaria associada ao céu avermelhado diante dos clarões dos trovões, ou do início de tempestades. Além de ser ruivo, o deus era descrito como sendo alto e musculoso, possuía uma voz grave (algo que remeteria ao som das trovoadas), e em alguns poemas se conta que ele teria olhos vermelhos. 

Conhecendo Thor: 

     Embora o deus do trovão fosse uma divindade bastante cultuada pelos escandinavos, a história de sua origem não é bem detalhada, pelo menos nunca se encontrou até hoje mais informações que detalham sua origem. Sabe-se que ele era filho de Odin e da deusa da terra Jörd. Contudo, sua mãe é uma deusa pouco expressiva no panteão escandinavo, mencionada poucas vezes nos poemas eddicos. Jörd era filha dos deuses Annar e Nótt (deusa da noite), além de ser meia-irmã de Aud e Dag. Os melhores relatos sobre sua procedência advém da primeira parte da Edda em prosa, chamada Gylfaginning escrita por Snorri Sturluson no século XIII. Mesmo assim, a deusa é mencionada brevemente, e além de está associada a terra, também estaria ligada a fertilidade e a natureza. 


Desenho representando a deusa Jörd e o pequeno Thor. 
     Jörd teria sido uma amante ou concubina de Odin, contudo Thor foi criado na casa do pai, o Palácio Valhala. De fato, nos poemas que contam os antigos mitos, não temos notícias da relação dele com sua mãe, mas apenas com seu pai e outros deuses. Thor acabou se tornando o mais poderoso dos deuses nórdicos, e um dos mais temperamentais.

      Os poemas nos revelam que o deus era bastante temperamental, as vezes perdia a paciência facilmente e partia para a agressão. Além disso, ele era beberrão e guloso, bravo e aventureiro. Thor era o campeão dos deuses, constantemente os mitos nos contam que ele estava de viagem a Jotunheim, a terra dos gigantes (jotuns), a fim de confrontá-los. Thor embora não fosse um deus da guerra como Tyr e Odin, mas era um guerreiro nato, as pessoas invocavam seu nome pedindo força, coragem e proteção, como será visto mais adiante. O deus dos trovão era um guerreiro que vivia atrás de aventuras e de batalhas, algo diferente do caráter de Odin, o qual em geral procurava conhecer as pessoas, se disfarçando para coletar informações, para instruir ou enganar. 


      "De todos os deuses, Tor é o herói mais característico do tempestuoso mundo dos vikings. Barbudo, franco, indomável, cheio de vigor e energia, ele põe toda a sua confiança em seu braço forte e suas armas simples. Ele caminha a passos largos pelo reino norte dos deuses, um símbolo apropriado para o homem de ação". (DAVIDSON, 2004, p. 61). 



Desenho retratando Thor atravessando um rio, enquanto os demais deuses cavalgavam pela ponte arco-íris Bifrost. 
    Na Edda em prosa e na Edda poética (conjunto de poemas escandinavos escritos entre os séculos X e XIII), conta que enquanto os deuses desciam de Asgard cavalgando pela Bifrost, indo se reunir na gruta do Poço de Urd (local associado a previsão do destino e lar das deusas do destino, as Norns), para participarem de reuniões, era dito que Thor seguia viagem a pé, atravessando rios, campos, florestas, montanhas, etc. E geralmente ele vinha do Leste, onde ficava localizado Jotunheim. Além disso, pelo fato de Jörd ser a deusa da terra, essa era considerada a guardiã de Midgard, o lar dos homens, logo, Thor também passou a ser visto como um guardião da humanidade, algo importante a se mencionar, pois isso marca alguns aspectos do culto a esse deus. 

     Nas eddas, Thor é conhecido principalmente por dois epítetos, diferente de seu pai que possuía dezenas de nomes, o deus do trovão possui poucos nomes, sendo os mais conhecidos: Ásathor e Ökuthor. A palavra Ásathor significa "Thor dos Aesir", pois os deus escandinavos estavam divididos em duas famílias, os Aesir e os Vanir. Por sua vez, Ökuthor significaria algo como "Thor o cocheiro" ou "Thor o condutor", pois alguns mitos contam que o deus costumava voar pelos céus numa carroça puxada por dois bodes negros, chamados Tanngnjóst ("dente triturador") e Tanngrisnir ("dente perfurador"). O som das rodas da carruagem seria associado aos trovões, e ao mesmo tempo a passagem do deus pelos céus, também era visto como prenúncio de tempestades ou das chuvas de primavera, que marcavam o início do plantio. 



Thor e sua carroça puxada por Tanngnjóst e Tanngrisnir.
Esposa e filhos: 

     Embora viajasse constantemente para Jotunheim, ou se aventurasse por Midgard confrontando gigantes intrusos, Thor vivia em Asgard, a terra dos deuses, localizada na copa da grande árvore Yggdrasil, a qual conectava os nove mundos que formavam a concepção de universo para os escandinavos. Em Asgard ele vivia no grande Palácio Bilskirnir, considerado por Snorri como o maior de todos os palácios, no sentido de extensão, pois Valhala era o principal palácio em Asgard. 

   "Governa o reino chamado Trúdvangar e seu palácio é chamado Bilskirnir. Naquela fortaleza há seiscentos e quarenta aposentos e ela é a maior morada conhecida pelos homens". (STURLUSON, 1993, p. 75). 


     Thor era casado com a bela deusa Sif, uma das Aesir, embora não se saiba quem são seus pais. Sif é uma deusa pouco expressiva no panteão escandinavo, acredita-se que estivesse associada ao lar, a família, mas também pudesse está associada a algum culto a terra e ao plantio, pois alguns mitólogos sugerem que os seus cabelos dourados, seriam uma referência ao trigo. Snorri, fala que antes dela se casar com Thor ela tivera um filho chamado Uller (Ull ou Ullr), o qual é o deus da justiça e do julgamento. Ele também estava associado a agricultura e a caça. Não se conhece seu pai. 


      "Ull, filho de Sif e adotado por Thor, é um outro deus. É tão hábil com o arco e flecha como com os esquis; com ele ninguém pode competir. Possui também uma sublime aparência e todas as características de um grande guerreiro. É indicado invocá-lo nos duelos". (STURLUSON, 1993, p. 82). 



A bela deusa Sif de cabelos dourados, era esposa de Thor. 
     Com Sif, Thor tivera duas filhas, as deusas Lorride e Thrud. Sobre Lorride praticamente nada se sabe, seu nome é pouco mencionado nas eddas, por sua vez sabe-se que Thrud estava associada ao clima, dizia-se que de acordo com seu temperamento o dia poderia ficar ensolarado, nublado ou tempestuoso. Tal fato, reforça a condição de ser filha do deus do trovão e raios. 


O anão Alvis e a deusa Thrud. A deusa era conhecida por ser tão bela quanto a sua mãe, e isso atraiu o anão Alvis, o qual tentou cortejá-la, mas Thor com ciúmes da filha, transformou o anão em pedra. Tal história é contada no poema Alvismál.
     Além dessas duas filhas e do enteado, Thor teve dois filhos. Ele teve um caso com a giganta Járnsaxa ("espada de ferro"), conhecida por ser uma valente guerreira, e mencionada como uma das nove mães do deus Heimdal. Enquanto Sif representava a mulher dona de casa, esposa e mãe, Járnsaxa encarnava a mulher guerreira, a amante e a companheira de aventuras. As informações que possuímos através dos poemas e dos mitos que chegaram até nós, não nos revelam detalhes sobre a família dessa giganta ou o seu relacionamento com Thor, apenas se menciona ela como amante do deus e mãe de um de seus filhos. 
A giganta Járnsaxa representada numa carta de um tipo de tarô.
     Com essa giganta, Thor tivera um filho chamado Magni ("Força"). Diz-se que Magni é tão forte quanto o seu pai, como foi atestado no mito que conta o confronto entre Thor e o gigante Hrungnir, o qual acabou tombando morto sobre Thor, mas este não conseguira se levantar, então os deuses tentaram erguer o gigante, mas apenas o pequeno Magni que na ocasião era uma criança, conseguiu erguer uma das pernas do gigante, para que seu pai saísse debaixo do cadáver. 

    O outro filho de Thor chama-se Modi ("Coragem") embora praticamente nada se saiba sobre ele. Alguns atribuem Modi como sendo filho de Járnsaxa, porém, os mitólogos apontam que nas fontes não há menção de quem fosse a mãe de Modi. De acordo com as eddas, tanto Modi e Magni conseguiram sobreviver ao Ragnarok, e herdaram o poderoso martelo de seu pai. Os dois serão alguns dos poucos deuses que sobreviverão a batalha final. 



A morte de Thor: 

      Os deus nórdicos não eram imortais como visto em outras mitologias, onde tais divindades eram eternas. Os deuses assim como as demais criaturas do universo eram mortais, logo, um dia iriam morrer, e o Ragnarok seria esse tempo. 

     Os nórdicos interpretavam o Ragnarok como uma profecia de fim de mundo e de renovação, algo parecido com a ideia cristã de Apocalipse, mas com várias diferenças. Enquanto no Apocalipse cristão, a raça humana será exterminada pelos Quatro Cavaleiros do Apocalipse (Morte, Guerra, Fome e Peste), por monstros, pragas e desastres naturais, até que em fim seja exterminada, para que assim Jesus desça a terra, acompanhado de sua legião de anjos, para que inicie o Juízo Final.

   No caso do Ragnarok esse será marcado por nevascas e geadas, catástrofes naturais e uma grande guerra que se espalhará pelos nove mundos, matando muitos, inclusive alguns dos deuses. É dito que a raça humana seria quase aniquilada, pois dois ser humanos, um homem e uma mulher ainda conseguiram sobreviver, além disso, alguns deuses sobreviverão e voltaram a governar o universo e a raça humana continuará a existir. Em suma o Ragnarok não seria o fim derradeiro, assim como o Apocalipse bíblico não é o fim derradeiro, pois após este e o julgamento final, começarão os "anos de paz do Senhor na Terra". Sobre o prenúncio do Ragnarok Snorri dissera o seguinte:

      "Primeiro, chegará o inverno chamado Fimbulvetr. Neve cairá de todas as direções, haverá fortes geadas e ventos cortantes e o sol não terá mais valia. Três invernos como este haverá, sem que haja verões entre eles. Mas estes três outros invernos virão acompanhados de grandes guerras, ao redor de todo o mundo. Irmãos matarão irmãos por avareza e ninguém poupará pai ou filho de assassínio e incesto". (STURLUSON, 1993, p. 125-126). 

     Será em meio ao caos do Ragnarok que Jormungand voltará a se erguer das profundezas do oceano, e cuspirá seu letal veneno sobre os combatentes e a terra, matando plantas e animais. E nesta ocasião em meio as chamas e gelo que consomem o mundo, Thor partirá para enfrentar seu inimigo derradeiro em sua última batalha. Os poemas não detalham o conflito épico, mas sabemos que a luta foi árdua, pois mesmo Thor com seus mortais raios e seu poderoso martelo, não conseguiu vencer facilmente a colossal criatura.


Thor confrontando Jormungand em sua batalha final. 
     Após a terrível batalha, a grande serpente caí morta, contudo, o deus do trovão sai gravemente ferido da luta. Os poemas são categóricos em dizer que após vencer, Thor deu nove passos para trás e caiu morto. Pois não resistiu ao veneno de Jormungand. E dessa forma simples acaba sua vida, pois tanto o Voluspá, como a Edda em prosa e outros poemas, relatam o mesmo: nove passos ele deu, antes de cair morto. Assim ambos os inimigos chegam ao mesmo fim. 


Thor morto. Lorenz Frolich, 1895. 
O culto a Thor:

     Até aqui vimos algumas características e histórias sobre a vida e os feitos do deus do trovão, mas agora passamos para conhecer o seu culto. A religião escandinava não era homogênea, dependendo do local ela tinha variações. Não obstante, não havia profetas ou livros que ditassem a doutrina e os dogmas, os ensinamentos eram passados oralmente, e os sacerdotes eram os responsáveis por manter os ritos vivos. A fé destes povos estava ligada a adoração de ídolos, oferta de oferendas e sacrifícios, realização de ritos em templos ou em locais abertos; a magia, a vidência, o respeito pela natureza, etc., estavam associadas a estas práticas. Isso é importante, pois Thor estava intimamente ligado a natureza em alguns aspectos de seu culto como será visto. 

     "Diz-se que a figura do deus com seu martelo estaria presente em muitos templos, no fim do período pagão. Ouvimos falar mais das imagens de Tor do que dos outros deuses, e quando ele partilhava um templo com outras divindades ficava com o lugar de honra. São mencionadas ricas túnicas, e a ele seriam feitos sacrifícios de carne e pão em seus templos na Noruega. Seus adorados buscavam a orientação da imagem de Tor quando tinham de tomar decisões difíceis". (DAVIDSON, 2004, p. 63). 

      Infelizmente muitas dessas estátuas e templos foram queimados pelos cristãos quando estes começaram a evangelizar a Escandinávia e as terras que os vikings habitavam. A evangelização começou a se intensificar por volta do ano 1000 e em 1300, boa parte dos escandinavos já eram cristãos, mesmo assim, havia locais onde o culto aos antigos deuses ainda se mantinha. 

Thor. Lorenz Frolich, 1907. 
     Em alguns dos templos foram encontrados estátuas de Thor do tamanho de um homem e até mesmo maiores do que uma pessoa, estando este em sua carruagem puxada pelos dois bodes. Alguns relatos encontrados nos manuscritos Heimskringla e Flateyjarbók falam sobre estes templos e as estátuas. 

      "Tor se sentava no meio. Era o que recebia a maior honraria. Ele era enorme e todo adornado de ouro e prata. Foram feitos arranjos para que Tor se sentasse em uma biga; ele estava esplêndido. Havia bodes, dois deles, atrelados à frente, muito bem amarrados. Tanto a biga quanto os bodes corriam sobre rodas. As cordas em volta dos chifres eram feitas de prata retorcida, e tudo era trabalhado com extrema habilidade". (DAVIDSON, 2004, p. 63 apud Flateyjarbók, I, 268). 

      Nas sagas que contam a história do rei da Noruega, Olaf Tryggvason (c. 960-1000), o qual foi responsável por introduzir o cristianismo na Noruega, certa vez ele visitou um templo do deus Thor, onde um homem chamado Skeggi (talvez o sacerdote do local) pediu que o rei puxa-se a corda envolta dos chifres da estátua de dois bodes, ao fazer isso, a carruagem se movimentou. Skeggi disse que o rei havia feito uma homenagem ao deus, mas por essa época, Olaf já era cristão e aquilo o irritou, então ele ordenou a destruição dos ídolos e do templo. 

   A carroça de Thor estava associada aos trovões, tempestades e possivelmente também a chuva. Nos poemas antigos, fala-se que quando o deus viajava em sua carroça, o céu se iluminava e tremia (trovões, raios e relâmpagos), ao mesmo tempo, alguns diziam que chuva caía na ocasião. Não obstante, há hipóteses de que Thor também estivesse ligado a primavera. Dizia-se que os gigantes de gelo eram os responsáveis por causar o inverno. Quando a primavera começava, as pessoas diziam que Thor havia mais uma vez derrotado os gigantes de gelo, os fazendo recuar para a fria e nebulosa Nilfheim, sua terra. 

Estátua de Thor e sua carroça. Islândia. 
     "Não era apenas o poder de Tor sobre o trovão que se encontrava simbolizado dentro do templo. Vemos também em muitas passagens nas sagas um grande anel de ouro ou prata pelo qual juramentos eram feitos, e que era guardado nos templos onde Tor era venerado. Há evidências independentes de que esse anel era consagrado a Tor, pois em fontes irlandesas o 'anel de Tor' é um dos tesouros tirados do templo em 994. Antes disso, em 876, os líderes dinamarqueses pagãos na Inglaterra fizeram uma trégua com o rei Alfred e, de acordo com a Crônica anglo-saxônica (Anglo-Saxon Chronicle), teriam feito juramento a ele pelo anel sagrado". (DAVIDSON, 2004, p. 64).

      No relato da Eyrbyggja Saga, conta-se que o anel, era na verdade um bracelete. Por sua vez, no Hauksbók falava que o anel pesava duas onças em prata, logo, seria um anel de dedo. Contudo, os historiadores acreditam que o anel de Thor fosse representado das duas formas, tanto como um anel convencional, como também um bracelete. 

     O anel também estaria associado ao martelo Mjölnir no quesito da consagração. Nas sagas e nos poemas, vemos que Thor além de usar seu martelo como arma, ele também o usava para consagrar ou abençoar. Por exemplo, no Thrymskivida, o martelo seria usado para consagrar o casamento de Thrym com Freiya; na viagem a Útgard, Thor usou o martelo para consagrar os dois cavalos sacrificados, e no dia seguinte os ressuscitou; no funeral do deus Balder (meio-irmão de Thor por parte de pai), ele usou o martelo durante os ritos fúnebres. Davidson [2004], nos conta que em algumas assembleias como a Assembleia Geral da Islândia, as sessões se iniciavam no Dia de Thor, e neste local se encontrava uma imagem do deus, pois o mesmo estaria ali para presenciar e consagrar aquelas sessões. 

      Outro símbolo associado ao culto do deus, eram os pilares e a terra. Pelo fato de Thor ser filho da deusa da terra, este elemento também fazia parte de seu culto. Nas sagas Landnámabók Eyrbyggja, nos fala que Thorolf Mostrarskegg ("Thorolf, o homem barbudo de Most") decidiu deixar a pequena ilha de Most e seguir para a Islândia, a fim de fugir da tirania do governo do rei Haraldo I da Noruega (também conhecido como Haroldo Cabelo Belo). Mas antes de partir, Thorolf foi consultar o deus Thor indo ao seu templo, a resposta foi favorável, e assim ele pegou os pilares ou colunas da cadeira do deus, levou consigo toras de madeira do templo e um punhado de terra que ficava sob o assento do deus.

      Ao chegar nas Islândia antes de pisar em terra, ele jogou as colunas no mar, como forma de agradecer a viagem segura, e então, escolheu um lugar para construir sua casa e um novo templo ao deus.

     "O templo é descrito em detalhes no quarto capítulo de Eyrbyggja Saga. Ele tinha colunas, com 'pregos do deus' nelas, o anel sagrado, uma vasilha sacrifical onde era despejado o sangue de animais sacrificados ao deus e imagens de Tor e outras divindades". (DAVIDSON, 2004, p. 65).

      As colunas e a terra estariam associadas a deusa Jörd, mas tendo como intermediador o seu filho, o deus Thor. Para alguns mitólogos, as colunas seriam símbolos de fundação, de legitimação da criação de algo em algum lugar, e ao mesmo tempo, estariam associadas como forma de proteção, pois seriam uma ideia de ligação entre a terra e o céu, onde o deus morava. Indicações apontam que alguns dos pilares de madeira encontrados nos templos, possuíssem gravuras esculpidas nestes, podendo ser runas ou representações do próprio deus do trovão. Além disso, o Landnámabók menciona outras passagens, onde homens jogaram colunas de madeira ao mar agradecendo a proteção do deus. Pelo fato de Thor está associado as tempestades, os marinheiros costumavam orar pedindo sua proteção para que pudessem chegar em segurança aos seus destinos. 

      Além disso, os carvalhos, especialmente os maiores e mais velhos eram associados ao culto do deus. De fato o carvalho era uma árvore sagrada para muitos povos europeus (vikings, gregos, romanos, celtas, francos, germanos, bretões, etc.). 

      Os carvalhos solitários, os quais ficavam me meio a campos, eram alvos fáceis para os raios, daí é bem provável que as pessoas passaram a nutrir um pensamento de que aquela árvore estava ligada ao deus Thor, pois de alguma forma atrairia seus raios. Algumas cerimônias ao deus eram feitas diante de carvalhos ou bosque de carvalhos. Não obstante, o próprio deus Odin possuía alguns ritos ligados a essa árvore, especialmente sacrifícios humanos, onde homens eram enforcados e apunhalados com lanças, enquanto eram pendurados por cordas aos galhos desta árvore. 

Em 723, São Bonifácio derrubou um dos carvalhos dedicados ao deus Thor, e usou a madeira deste na construção de uma igreja. Os adoradores do deus consideraram aquilo uma ofensa
   Outro artefato ligado ao culto do deus eram pregos de ferro. Arqueólogos encontraram algumas das colunas usadas nos ritos ao deus, possuindo pregos cravejadas nestas, além disso, relatos escritos no século XVII na região da Lapônia falavam que havia estátuas do deus Thor com pregos na cabeça e até mesmo uma pederneira. De acordo com Davidson [2004] essa ideia de pregos e pederneiras advêm do mito no qual conta a luta entre Thor e o gigante Hrungnir. 

      "O gigante estava armado com uma pedra de afiar e um escudo de pedra. Quando Tor apareceu com trovão e relâmpago, jogou seu martelo em Hrungnir enquanto o gigante atirava a pedra contra ele. A pedra se despedaçou, e um pedaço pequeno ficou na cabeça de Tor. Supostamente, estaria lá até hoje". (DAVIDSON, 2004, p. 66).

Thor matando Hrungnir. Ludwig Piestch, 1865. 
     "O estranho fato da pedra deixada na cabeça de Tor pode ser explicado pela prática lapônia de usar a cabeça do deus do trovão como uma fonte de fogo. A pedra de afiar do gigante chocando com o martelo do deus seria equivalente ao acender do fogo com pederneira de aço; e isso, por sua vez, representava o relâmpago". (DAVIDSON, 2004, p. 66).

      Em alguns tempos do deus havia locais onde se acendia fogo, o qual era associado como se fosse um "fogo sagrado". Além disso, Thorolf quando demarcou seu terreno para construir sua casa e um templo a seu deus, ele usou fogo para demarcar a área. Contudo, o uso de fogo não era algo comum entre os vikings, provavelmente Thorolf o fez seguindo algum preceito ritualístico ligado ao culto do deus. 

      Passamos agora para falar do martelo como símbolo do culto a Thor. Até aqui vimos que o martelo era a arma do deus, contudo, também era utilizado em rituais para consagração. Há indícios e relatos que apontam o uso de martelos ritualísticos na realização de casamentos, batismos (os cristãos não eram os únicos a batizar as crianças, vários povos antigos já realizavam essa prática), ritos fúnebres, inauguração de um templo, cerimônias, etc. De fato, relatos antigos apontam para a existência de martelos nos templos dedicados ao deus, e o uso dos mesmos em algumas cerimônias, contudo por volta do século X, os vikings já estavam acostumados a usarem pingentes em forma de martelo.

    "De todos os simbolismos religiosos da Escandinávia da Era Viking, certamente o
martelo de Thor (mjöllnir: triturador) é o que possui a maior quantidade de referências literárias, tanto nas Eddas quanto nas sagas islandesas. Nestas fontes, podemos caracterizar o martelo de Thor em três significados principais: como instrumento ritual e mágico: o martelo consagra nascimentos, casamentos, mortes, funerais, juramentos; assegura propriedades; consagra a terra e a propriedade; propicia a ressurreição e a fertilidade da vida; símbolo fálico; marca de fronteira; usado para localizar ladrões; como arma: ele defende o mundo, os deuses e os homens contra as forças do caos; como instrumento: o martelo protege contra os elementos naturais (Bray, 2006: 5; Lindow, 1994: 489)". (LANGER, 2010, p. 15).

     Motz [1997] conta que após o final da Era Viking, os povos escandinavos e germânicos ainda mantiveram em sua cultura aspectos ritualísticos que era relacionados ao martelo de Thor, mas neste caso eles usavam machados. Ele fala de machados sendo usados para consagrar banquetes, casamentos, colocados debaixo da cama, atrás da porta, arremessados no campo antes do plantio; machados colocados na proa dos barcos, machados arremessados para se medir a distância de terrenos, etc. Todas essas práticas, segundo Motz, são heranças desses ritos de atribuições ao martelo Mjölnir. Ele ainda complementa dizendo que algumas bandeiras e heráldicas traziam machados. 


Ilustração de um pingente em formato do Mjölnir. Pingentes assim foram bastante usados do século X até pelo menos o século XIII ou XIV.
     Usar um pingente em forma de martelo poderia ser para o intuito de se pedir força para a batalha e ao mesmo tempo se pedir proteção na luta, proteção durante uma viagem, proteção contra tempestades ou outros perigos. O martelo de Thor foi associado por alguns historiadores e mitólogos ao crucifixo usado pelos cristãos. 

      "Outras conexões relacionam Thor com o xamanismo, os ferreiros e os cultos de guerreiros, como em Horagales, na área lapônica, cujos tambores mostravam uma figura masculina com um martelo ou suástica (Lindow, 1994: 500). Desta maneira, não há como desvincular mjöllnir de ser tanto um objeto heróico, como mágico e protetor". (LANGER, 2010, p. 69).

      Embora o martelo tenha se tornado um símbolo bastante conhecido em referência ao deus Thor e até mesmo aos seus equivalentes entre outros povos como Horagalles para os lapões; Donar para os germanos; e, Tunor para os anglo-saxões; não há indicativos que os vikings usassem martelos de guerra, e ao mesmo tempo, o antigo símbolo do trovão era o machado de duas lâminas ou machado duplo, tal símbolo ainda era encontrado por volta do século X em algumas pedras na Escandinávia e até em pingentes. Os historiadores e mitólogos cheguem a ideia de que o machado duplo evoluiu para o martelo Mjölnir, embora não se saiba quando isso aconteceu e o por quê de tal mudança. Por fim, fica a questão: porque Thor tinha como arma um martelo de cabo curto, e não um machado, ou uma espada, ou uma lança?

      Motz [1997] comenta que é um mistério o emprego do martelo como artefato bélico, pois se olharmos para os outros deuses nórdicos, eles usavam lanças e espadas. Além disso, Thor em momento algum utiliza o Mjölnir para realizar atividades de ferreiro, artesão, etc. O martelo além de ser usado como arma, é usado em momentos ritualísticos como já vistos aqui. 

     Contudo, Motz chama a atenção que entre os povos germânicos e outros povos antigos, havia a crença que os raios eram pedras incandescentes que caíam do céu. Logo, as pessoas procuravam por tais "pedras" para usarem como amuletos, fabricar armas ou ferramentas, pois tais "pedras do trovão" teriam "propriedades" mágicas. Nessa perspectiva, o martelo além de ser um instrumento de trabalho dos ferreiros, é também usado por artesãos e até mesmo nas pedreiras para se quebrar pedras. Estaria esse fato associado ao martelo, essa relação entre "arma e pedra do trovão"? Se pegarmos a mitologia grega, os raios de Zeus eram feitos por Hefesto ou por três ciclopes-ferreiros, os quais usavam martelos para forjar os raios do rei dos deuses. 

      "Parece realmente que o poder do deus do trovão, simbolizado por seu martelo, se estendia sobre tudo o que tinha a ver com o bem-estar da comunidade. Ele cobria nascimento, casamento, morte e cerimônias funerárias e de cremação, e os juramentos feitos pelos homens. A famosa arma de Tor não era apenas o símbolo do poder destrutivo da tempestade e do fogo do céu mas também uma proteção contra as força do mal e da violência. Sem ela, Asgard não poderia mais ser protegida dos gigantes, e os homens contavam com ela também para lhes dar segurança e garantir a regra da lei". (DAVIDSON, 2004, p. 70). 

Thor em uma ilustração para o jogo Age of Mythology
     Um aspecto ainda a ser mencionado sobre o deus é que existem hipóteses de que ele também estaria associado aos mortos. No poema Hárbarðsljóð, um dos poemas que compõe a Edda poética, trata do diálogo entre Thor e o barqueiro Hárbard, o qual na realidade era Odin disfarçado. Thor precisava atravessar o mar, mas Hárbard se nega a ajudar o deus e começa a lhe fazer perguntas e a zombar dele. Em uma desses zombamentos, ele dissera que Odin recebia em Valhala as almas dos nobres (jarl) e dos valorosos guerreiros, quanto a Thor esse ficaria com os homens comuns (karl) e os escravos (thrall). Além dessa breve menção, outros poemas também sugerem o mesmo, embora os relatos sejam poucos, poderia haver a possibilidade de que aqueles que não morressem como honrados guerreiros no campo de batalha para irem para Valhala ou Folksvang, ou não morressem de doença, velhice, acidente e assassinato para irem a Helheim, então poderiam ir para Bilskirnir, a morada de Thor?

     Ainda hoje Thor é lembrando semanalmente em algumas parte do mundo, pois a quinta-feira em língua inglesa é chamada de Thursday ("Dia de Thor"), em alemão fala-se Donnerstag ("Dia de Donar"), em dinamarquês e sueco se fala Torsdag ("Dia de Thor"). Tal fato se deve que quando os germanos, anglo-saxões e vikings adotaram o calendário juliano dos romanos, estes dividiam a semana em sete dias, nomeando cada dia com o nome de um deus, mas os germanos e os anglo-saxões preferiram adotar o nome de seus próprios deuses. 

Thor e o Cristianismo

     Quando o Cristianismo começou a se espalhar a partir do século X pela Escandinávia, muitas pessoas relutaram em aderir a nova fé, preferindo continuar a adorar seus deuses, isso gerou desavenças entre os pregadores cristãos e a população pagã, e com o tempo, histórias começaram a surgir, envolvendo Thor. 

    "O culto a Tor teve uma vida longa na Europa ocidental. No século XI, ele ainda era venerado com entusiasmo pelos vikings de Dublin, e no fim do período pagão era visto como o principal adversário de Cristo. Na Noruega, Tor é descrito participando em um cabo-de-guerra com o campeão de Cristo, o rei Olaf Tryggvason, sobre uma fogueira, enquanto na Islândia uma entusiástica adoradora dos velhos deuses contou a um missionário cristão que Tor tinha desafiado Cristo para enfrentá-lo em combate corpo a corpo". (DAVIDSON, 1987, p. 61).

   "Poemas citados em Njáls Saga declaram que Tor levantou as tempestades que fizeram soçobrar o navio do missionário cristão Thangbrand. O poder de Tor sobre o mar poderia, claro, ter um uso mais positivo para beneficiar seus adoradores, como no caso em ele teria e encalhado uma baleia nas praias de Vineland em resposta às preces de Torhal, um dos exploradores. Torhal contou, garboso, aos seus companheiros: O barba-vermelha superou o seu Cristo! Fiz isso com minha poesia, que compus sobre Tor, em quem os homens confiam". (DAVIDSON, 2004, p. 71).

    Mas se por um lado os pagãos tentavam tirar vantagem contra os cristãos, contando os feitos de seu deus contra Cristo, os próprios cristãos chegaram a assimilar alguns aspectos dos ritos a Thor. O pingente em forma de martelo foi comparado ao crucifixo como já mencionado; os pregos encontrados em colunas de madeira, ou em algumas das estátuas do deus, foram associados aos pregos usados na crucificação de Jesus; não obstante, o fato de Thor ser associado como protetor da humanidade (devemos ter em mente que nem todos os deuses eram bondosos) foi mais um aspecto usado para compará-lo a Jesus.  

Os epítetos do deus do trovão:

    Diferente de seu pai que possuía vários nomes, Thor possuía poucos epítetos dentre os quais, alguns eu já mostrei aqui, mas voltarei a mencioná-los novamente e citar outros nomes.
  • Ásathor - "Thor dos Aesir"
  • Ökuthor - "Thor o cocheiro" ou "Thor o condutor"
  • Vingthor - "Thor que consagra"
  • Hleirródi
  • Véurr
NOTA: A deusa Jörd também é chamada pelos nomes de Fyörgyn e Hlódyn.
NOTA 2: Nas histórias em quadrinhos da Marvel Comics, Thor é filho de Odin e Gaea, a qual personifica tanto a deusa grega da terra, Gaia, assim como a própria Jörd.
NOTA 3: Nas histórias em quadrinhos a personalidade de Sif se aproxima mais da giganta Járnsaxa do que da deusa Sif em si. Pois nos quadrinhos Sif é morena e uma guerreira, diferente dos mitos e da religião, onde ela estava associada a família e a fertilidade da terra. 
NOTA 4: Os romanos quando conheceram o deus germânico Donar, o equivalente de Thor para esse povo, chegaram a compará-lo ao herói grego Héracles (Hércules em latim), pois Donar/Thor era um herói entre deuses e homens; depois o compararam ao deus Vulcano (Hefesto), pois o deus usava um martelo, o problema é que Vulcano era o deus do fogo, da forja e dos ferreiros. O martelo é uma ferramenta típica dos ferreiros. Então eles compararam o deus a Júpiter (Zeus), pois ele era o deus dos trovões e raios. Todavia, hoje se fomos estudar tais comparações, Júpiter e Thor possuem mais diferenças do que semelhanças, estando ligados apenas pelo fato de serem deuses do trovão e dos raios. 

Referências Bibliográficas:
Anônimo. Edda Mayor. Tradução e notas de Luis Lerate. Madrid, Alianza Editorial, S.A, 1984.
STURLUSON, Snorri. Edda em prosa. Tradução, apresentação e notas de Marcelo Magalhães Lima. Rio de Janeiro, Numen, 1993.
LANGER, Johnni. Vikings. In: As Religiões que o Mundo esqueceu. FUNARI, Pedro Paulo (org.), São Paulo, Editora Contexto, 2009, p. 130-143.
LANGER, Johnni. Símbolos religiosos dos Vikings: guia iconográficoRevista História, imagem e narrativas, n. 11, 2010.
DAVIDSON, Hilda. O mundo dos deuses. Escandinávia. Lisboa, Editorial Verbo, 1987, p. 109-114. 
DAVIDSON, Hilda. O deus do trovão. Deuses e mitos no norte da Europa. São Paulo, Madras, 2004, p. 61-77. 
DAVIDSON, Hilda. Thor hammerFolklore, n. 76, 1965, p. 1-15.
CANDIDO, Maria Regina (org.). Mitologia germano-escandinava: do caos ao apocalipse. Rio de Janeiro, NEA/UERJ, 2007.
NIEDNER, Heinrich. Mitología Nórdica. Traducción de Gloria Peradejordi. Barcelona, Olimpo, 1997. 
LINDOW, John. Norse Mythology: A guide to the gods, heroes, rituals, and beliefs. New York, Oxford University Press, 2001.


LINDOW, John. Thor´s visit to ÚtgardalokiOral Tradition, n. 15, 2000, p. 170-186.
LINDOW, John. Thor´s hammarJournal of English and Germanic Philology, n. 93 (4), 1994, p. 485-503.
FRANCHINI, A. S; SEGANFREDO, Carmen. As melhores histórias da mitologia nórdica. 5ª ed, Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2006.
MOTZ, Lotte. The Germanic thunderweaponSaga-Book, n. 24 (5), 1997, p. 329-350.


Fonte das ilustrações e texto:
http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br

Os cabelos de Sif e a criação do martelo Mjölnir

     Os mitos nos contam que o deus possuía três preciosos objetos, os quais eram seus tesouros. Um dos tesouros era o cinto Megingjord, o qual consistia num "cinto de força", ou seja, quando o deus usava o cinto, este lhe aumentava a força. Uns dizem que isso lhe duplicaria a força, outros falam que o cinto aumentaria em dez vezes a sua força. O segundo tesouro eram as luvas de ferro chamadas de Járngreipr, que dizia-se que com estas luvas, o martelo jamais escorregaria das mãos do deus. Contudo, o maior tesouro que Thor possuía era o seu martelo de cabo curto, chamado Mjölnir o qual se tornou um símbolo de seu poder, de seu culto e de sua própria representação seja mitológica ou atualmente na cultura pop. De fato, o Thor dos quadrinhos não usa o cinto e as luvas de ferro, apenas o martelo. 

      Mas, para conhecermos a origem do icônico martelo que conjurava trovões, raios e tempestades, e que esmagava o crânio de gigantes, primeiro devemos saber a ligação de Sif com essa história. 

      Tudo começa quando certa vez Sif se encontrava dormindo, Loki na ocasião decidiu pregar uma peça de mau gosto, então com uma faca ele cortou os longos e belos cabelos da deusa e fugiu dali. Sif quando acordou, notou que seus cabelos estavam curtos, ela que possuía uma grande admiração por estes, pôs a cair em choro, então cobriu a cabeça com vergonha. Quando Thor retornou para casa, foi procurar sua esposa, e a encontrou muito triste, quando lhe foi revelado o ocorrido, ele se pôs a se enraivecer e perguntou se Sif tinha ideia de quem havia feito aquilo, ela mencionara que talvez fosse obra de Loki, pois ele era conhecido por pregar travessuras. 

A deusa Sif cochilando, enquanto o traiçoeiro Loki se aproximava para lhe cortar os cabelos. 
     Thor furioso partiu para encontrar Loki, ele não matou o mesmo na ocasião, pois este pediu clemência por sua vida, e prometeu que iria conseguir os cabelos de Sif de volta. Ao mesmo tempo, Odin entrou na discussão e disse que Loki também teria que recompensar os deuses com presentes, neste caso ele teria que dá presentes para Thor, Freyr e o próprio Odin. Tendo essa difícil tarefa em mãos, o ardiloso Loki partiu para encontrar alguns anões, os quais eram famosos por serem os maiores artífices e ferreiros do mundo. 

    Loki procurou dois anões chamados Brokk e Eitri, conhecidos como filhos de Ívaldi. Os anões no primeiro momento se recusaram a aceitar o pedido de Loki, mas ele apostou sua vida naquilo, para que os dois fizessem três preciosos tesouros. Os anões disseram que fariam os tesouros que Loki pedira, mas também fariam seus próprios presentes para os deuses. Os dois irmãos aceitaram o trato e começaram a trabalhar, mas o ardiloso Loki se transformou num mosquito e começou a atrapalhar o trabalho de Brokk o qual era responsável por coordenar o fole que aquecia a forja, enquanto Eitri realizava o restante do trabalho. Loki não querendo que os anões o enganassem, fabricando tesouros ruins, começou a ameaçar o serviço de Brokk. A ideia de Loki era impedir que os presentes dos anões fossem melhores dos quais eles faziam para ele.

      Num primeiro momento eles criaram um javali com a crina de ouro, então continuaram a trabalhar enquanto Loki transformado em mosquito picava a mão, o pescoço e as pálpebras de Brokk. No final os anões criaram seis presentes, sendo que três foram dados por Loki e os outros três dados por eles dois.
Os anões Brokk e Eitri, Loki e os presentes feitos por ele, em destaque o martelo Mjölnir. 
     Loki deu uma majestosa lança chamada Gungnir a qual dizia que jamais erraria o alvo, a presenteando a Odin. Para Thor ele deu os cabelos de ouro para sua esposa, e para o deus Freyr (irmão de Freya) representante dos deuses Vanir, este recebera o navio Skidbladnir o qual dizia-se que nunca faltaria vento para aquele navio, desde que as velas fossem içadas, e além disso o navio poderia ser encolhido, a ponto de ser guardado no bolso ou em uma bolsa.

    Por sua vez os anões deram a Odin um anel de ouro chamado Draupnir, o qual a cada nove noites, ele se multiplicava, criando anéis idênticos. Para Freyr eles deram o javali de crina dourada (Gullinbursti), o qual possuía o poder de correr pelos ares e sobre a água. Por fim, os anões deram para Thor um martelo de cabo curto, chamado Mjölnir o qual se tornou a principal arma e símbolo do deus dos trovões e raios. Os três deuses consideraram o martelo o mais precioso dos presentes.

Réplica de um martelo usado no culto a Thor. O martelo representa Mjölnir o qual nos mitos dizia que possuía um cabo curto, ficando justo na mão.
     O martelo concedeu imenso poder a Thor, canalizando suas forças, de forma a lançar raios, e ao mesmo tempo esmagar inimigos, pedras e montanhas. Além disso, os mitos contam que Thor arremessava o martelo e este sempre retornava a sua mão. Contudo, diferente das histórias em quadrinhos, outras pessoas conseguiam erguer o martelo, tal fato fica evidente quando o Mjölnir foi roubado uma vez. 


Fonte das ilustrações e texto:
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